–
Mudou algo em sua vida?
– Hã? Hã?
–
O vexame de ontem. – Ah, não! Não mudou nada.
– Pois é. Sigamos em frente...
Foram
conversas que tive ontem, muitas vezes, nas minhas andanças pelo quarteirão,
indo ao dentista, costureira, feira etc. O povo, perplexo. Reclamando sempre
daquele fiasco da seleção. E eu, na minha, nem ligava. Queria que o Brasil
ganhasse. O povo merecia isso, pelo menos, mas daí a ficar triste, eu, hein?
Há
tanta coisa ruim no Espírito Santo, no Brasil e no mundo que é até um despropósito
eu ficar triste porque o Brasil perdeu um jogo e a esperança do hexa. Os jornais noticiaram, hoje, que um médico no
ES precisa atender, em média, a cada 12 horas, 200 crianças. Não há pediatras.
Os hospitais tanto públicos como privados estão sem plantão pediátrico por
falta de médicos. Tem cabimento? Há escolas públicas onde as crianças ainda não
receberam o uniforme. E estamos em julho. Outras escolas há onde alunos que
estudam em regime de tempo integral não têm espaço dentro da escola. Que tempo integral é esse?
E eu ainda vou me entristecer com um timezinho
que só pensa no dinheiro, não joga junto sabe-se lá há quanto tempo e,
portanto, não pode ser uma equipe? Além
de tudo, apequenado pela falta de um jogador que se machucara e dá um “branco”,
como reverberou o técnico? Será?
E
há outra coisa: ano de eleição. Já imaginei o povo não dando bola pra mais nada
depois do tal de hexa. Então, que se dane essa vontade de hexa. O povo não
precisa de hexa. O povo precisa de educação, saúde, saneamento básico,
alimento, atenção, fraternidade. Se essa alegria com o futebol não turvasse os
demais objetivos, tudo bem, mas ninguém mais pensa em nada quando um jogo da
seleção está em evidência. Por isso, já tachei o futebol de ópio do povo.
Quem
falou que não ia ter copa? Os mesmos que criticaram estavam lá querendo
ingresso, vestindo a camisa amarela e torcendo pelo Brasil. Torcer pelo seu
país é característica de um povo que ama sua pátria, mas não a ponto de virar a casaca dessa forma.
Um dia, na rua, fazendo baderna, para não ter copa. No outro, cantando nas
portas de estádios, esmolando ingressos.
E
no dia do jogo do Brasil com Alemanha, nosso vexame maior, fui a diversos
lugares. Parecia que o povo estava doido. Uma aflição...Tomei vários esbarrões
no supermercado. Nem olhavam para pedir desculpas, como se tivessem esbarrado
num cabo de vassoura. Os empregados mal-humorados, talvez porque não iriam ver
o jogo em casa. Sabe-se lá. O trânsito
um horror. O nervosismo no ar. É ópio ou
não é?
Agora,
parece que o povo acordou. A derrota para a Alemanha serviu pelo menos pra
isso. Então, que a copa acabe depressa para o Brasil voltar à rotina.
Maria
Francisca – julho de 2014.
Olá Francisca,
ResponderExcluirEstou participando de uma brincadeira lá no meu blog e indiquei o seu para participar. Uma maneira de divulgar o blog por aqui e deixar que todos vejam seus "contos" que são incríveis.
Beijos mil
Vou lá no seu blog dar uma espiada...Grata. Bjs.
ExcluirShow Dá Francisca... de blog e de crônica... depois veja o meu
ResponderExcluirhttp://elencobrasileiro.blogspot.com.br/