sexta-feira, 11 de julho de 2014

CADÊ A COPA?



Mudou algo em sua vida?
 – Hã? Hã?
O vexame de ontem.
Ah, não! Não mudou nada.
Pois é.  Sigamos em frente...

Foram conversas que tive ontem, muitas vezes, nas minhas andanças pelo quarteirão, indo ao dentista, costureira, feira etc. O povo, perplexo. Reclamando sempre daquele fiasco da seleção. E eu, na minha, nem ligava. Queria que o Brasil ganhasse. O povo merecia isso, pelo menos, mas daí a ficar triste, eu, hein?
 
Há tanta coisa ruim no Espírito Santo, no Brasil e no mundo que é até um despropósito eu ficar triste porque o Brasil perdeu um jogo e a esperança do hexa.  Os jornais noticiaram, hoje, que um médico no ES precisa atender, em média, a cada 12 horas, 200 crianças. Não há pediatras. Os hospitais tanto públicos como privados estão sem plantão pediátrico por falta de médicos. Tem cabimento? Há escolas públicas onde as crianças ainda não receberam o uniforme. E estamos em julho. Outras escolas há onde alunos que estudam em regime de tempo integral não têm espaço dentro da escola.  Que tempo integral é esse?
 
 E eu ainda vou me entristecer com um timezinho que só pensa no dinheiro, não joga junto sabe-se lá há quanto tempo e, portanto, não pode ser uma equipe?  Além de tudo, apequenado pela falta de um jogador que se machucara e dá um “branco”, como reverberou o técnico? Será?
E há outra coisa: ano de eleição. Já imaginei o povo não dando bola pra mais nada depois do tal de hexa. Então, que se dane essa vontade de hexa. O povo não precisa de hexa. O povo precisa de educação, saúde, saneamento básico, alimento, atenção, fraternidade. Se essa alegria com o futebol não turvasse os demais objetivos, tudo bem, mas ninguém mais pensa em nada quando um jogo da seleção está em evidência. Por isso, já tachei o futebol de ópio do povo.
Quem falou que não ia ter copa? Os mesmos que criticaram estavam lá querendo ingresso, vestindo a camisa amarela e torcendo pelo Brasil. Torcer pelo seu país é característica de um povo que ama sua pátria,  mas não a ponto de virar a casaca dessa forma. Um dia, na rua, fazendo baderna, para não ter copa. No outro, cantando nas portas de estádios, esmolando ingressos.
 
E no dia do jogo do Brasil com Alemanha, nosso vexame maior, fui a diversos lugares. Parecia que o povo estava doido. Uma aflição...Tomei vários esbarrões no supermercado. Nem olhavam para pedir desculpas, como se tivessem esbarrado num cabo de vassoura. Os empregados mal-humorados, talvez porque não iriam ver o jogo em casa. Sabe-se lá.  O trânsito um horror. O nervosismo no ar.  É ópio ou não é?
Agora, parece que o povo acordou. A derrota para a Alemanha serviu pelo menos pra isso. Então, que a copa acabe depressa para o Brasil voltar à rotina.
Maria Francisca – julho de 2014.

3 comentários:

  1. Olá Francisca,
    Estou participando de uma brincadeira lá no meu blog e indiquei o seu para participar. Uma maneira de divulgar o blog por aqui e deixar que todos vejam seus "contos" que são incríveis.
    Beijos mil

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  2. Show Dá Francisca... de blog e de crônica... depois veja o meu

    http://elencobrasileiro.blogspot.com.br/

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